O autor e o jogador de futebol

E lá estava eu novamente na Universidade. Pergunto-me por que sempre estou botando a cara para bater?  Tudo bem... O professor, um pouco incomodado com a minha apresentação na aula inaugural, onde eu dissera que era escritora e estava no mestrado para ter um olhar mais teórico sobre literatura, começou a me alfinetar. Dizia que fulano era escritor, esse sim era autor! Ignorei... Na outra aula, mais uma provocação: Não julgo beltrano um autor, mas ele escreveu tal magnífico conto e blá, blá, blá ...  continuou chamando algumas obras de lixo, o que me subiu um arrepio agonizante, mas fiquei quieta, eu não sou crítica... Dei um livro meu para este professor. Lógico que ele não leu. Ele ganhou outro de um colega que escreve contos, queria ser uma mosquinha para saber o que haveria de se passar em uma cabeça confusa entre escritor, autor suas teorias sobre este ofício e talvez alguma frustração escondida. Na outra aula, ele veio novamente com as mesmas provocações falando que o que importava era a obra e não o escritor, que para virar autor precisaria de muito estudo... Ignorei mais uma vez. A final, ele estava até me elogiando, pois partindo de sua teoria; eu estava no caminho certo e no lugar certo. Eu falei que gostava de suas aulas e que as suas questões me faziam refletir sobre a qualidade literária dos meus textos, e isso é uma verdade incontestável. Depois de pesquisar e entender que autor é simplesmente todo o indivíduo responsável pela criação de algo; inventor, descobridor e eu como escritora que sou, crio textos e os exponho, edito, mostro a minha perspectiva dos fatos e ponho a minha cara para bater... Ah, e como ponho... Entendi que aquela provocação era inútil, era como dizer ao Everton do Grêmio que não o considero um jogador de futebol porque ele não é o Ronaldinho. Deu vontade de rir né?! Pois é, com este simples exemplo fica mais fácil o entendimento. O Everton vai continuar jogando o futebol dele, ganhando por isso e trabalhando nisso; independente de que as pessoas o considerem um jogador de futebol ou não. Falar isso é irrelevante e desnecessário e, lógico, eu nunca falaria tal despautério, quero mais é que ele continue fazendo muitos gols para o time! Para o meu time. Ah, e para ficar um pouco mais ácido... ele é autor de gols... Não é maravilhosamente irônico isso?!  Everton também é autor... de gols, mais é autor. E a vida continua, independente do julgamento alheio, das críticas, dos elogios... Somos o que somos, genuinamente únicos... e se não acreditarmos em nós mesmos, e sim no que nos julgam, seremos míseros autores do nada.     

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