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Mostrando postagens de 2019

Posse na Academia de Letras do Brasil - imortal cadeira 51

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Colinho de Pai

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Dias de raso

O tempo é escasso nesses dias Atrasado perde o tempo A pressa afoba quem é zen Dias de raso por alguma razão Não tem nada a dizer Se espalham meses a fora Não há nada a fazer...  E eu aqui querendo alguma razão Para sair da rotina Corda no pescoço, adrenalina Prazo é para quem escreve prosa E não poesia  Data no prazo, amores no raso Nada de mais... Só mesmo a vontade de fantasia           

Maritacas no jardim

Dias de sol e girassóis do cerrado Aqui em Brasília A paisagem É somente para aqueles que sabem apreciar Dias de sol e nuvens baixas Um dó sustenido de frio Um ré de esperança Inícios e probabilidades Aqui em Brasília No meu jardim Maritacas Cantando sem parar A paisagem amarelo ouro Daqueles girassóis Refletem uma manhã florida Cheia de graça Coroam mais uma semana Em um passeio pelo jardim Uma maritaca barulhenta Entre pensamentos ... Converso. Maritacas curiosas, pousam uma árvore sem folhas Conversam e me olham Inquietas balançam o pescoço Eu, alma liberta, respondo. Verônica Vincenza   

Presente, presença

Hoje recebi um presente. Recebi em mãos, por ter ficado esperando, ontem, quem não chegou, teve milhões de coisas para fazer, não lembrou nem de responder, não teve tempo, disposição, vontade, não queria estar presente.  Hoje lembrei. De quantas vezes isso aconteceu em longos anos que estivemos juntos e pasmei. Pasmei porque foram tantas, incansáveis ausências que cansei de contar, de me importar, de esperar, de desculpar.  Dei fim. Ao que já era o fim, e de medo do recomeço, recomeçava várias vezes do nosso ponto: costurando, reciclando, esmorecendo, aborrecendo, desligando.    Apenas fachadas. Fomos fachadas de cidades mortas. Frias ruelas escuras e poluídas de falta. Hoje percebi que eu precisava apenas de uma gota d'água, a última gota. Um oceano nesta lua minguante. Nada mais importa. Na ausência desse vazio, apenas o eco das ilusões que construímos e que hoje reverberam nas pardes, nos porta-retratos que ainda não esvaziei.    E a vida passa lenta. Em vi

Ouroborus

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Nos três atos da vida Existem diversos pontos de virada Qual o seu? Existem “aqueles” pontos E existem os pontinhos Que juntos levam ao clímax O grande ato      Você continuará o mesmo? Depois dos pontinhos, por pura teimosia, talvez sim Depois “daquele” ponto, nunca Não há retorno. A única saída é seguir em frente Então, Ouroborus, qual parte da cauda você perde? Sempre se perde, mas também se ganha Pouco ou muito.... Depende do ponto de virada Que você está precisando Para a sua história. Verônica Vincenza

No privado

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As pessoas têm a mania ridícula de me levar muuuito a sério, deve ser porque eu tenho um tom mais polido de falar e sou muito observadora. Mas na verdade, no privado, com as minhas amigas e amigos, eu não sou séria, sou boba e falo palavrão, "palavrões polidos" aqueles de gente antiga, um "merda" para cá, um "filho da p** para lá", nada demais, mas falo. Só não falo em casa porque eu não quero que os meus filhos repitam na escola. Imagina todos os amigos falando: "vai se f** ca**"  E meus meninos falando "vai-te à merda!" ficaria muito anacrônico! Seriam zoados com certeza... Certo dia, eu recebi uma mensagem no privado do Instagram (Direct). Uhm, o desconhecido está a vontade de me mandar mensagens no privado... pensei eu, polindo as ferraduras para dar aquela patada... Tá, confesso: no privado, com gente que eu não conheço, eu não sou meiga.  Não gosto de gente invadindo o meu espaço sem pedir licença. Mas achei fofo o hom

O Andarilho da Alma

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Em meio à fogueira das vaidades em um encontro de magos da palavra, feiticeiros do verso e andarilhos da alma o Bruxo Mor se levantou e disse: tragam a mim todas as suas magias, pois irei vê-las e a cada um darei uma nota. Todos entraram na fila trazendo não só as suas varinhas, cajados e punhais, mas também um enorme currículo de grandes feitos. Cada um foi mostrando para o outro o seu currículo com o intuito de obter palmas e elogios. Então, o mais aplaudido e elogiado entre eles, levou a sua mágica ao Bruxo Mor.  Mago Yroshiro pegou sua varinha e vendo que todos estavam atentos, começou a fazer a sua mágica: transformou algumas palavras feitas em papel picado em um poema profundo, porém curto sobre o seus feitos escritos com pó de ouro em uma nuvem de fumaça. O Bruxo Mor comparou o que ele julgava ser o poema perfeito e nem se quer teve, o que julgou ser paciência, para entender a profundidade a que se referia, apontou o seu cajado e foi logo dando sua nota, como se foss

Aldravias: dois tempos

Tempo Em Tempos Arcaicos Tem Pó # Tempo Em Tempos Modernos Tem Pressa  # Tempo Em Tempo Materno Sem Tempo # Tempos Em Tempos Infantis Tem Vida # Tempo Em Tempos De Contra Contratempos # Tempos  em  Tempo  De Ódio Violência # Tempos  Em  Tempos Eremitas Solidão Carmelita # Tempos  Em  Tempos De Fim Começos # Tempo Cura Tempo Invade Sem Licença # Tempo Chama Tempo Toda Hora Reclama # Tempo  Sem Tempo Passatempo Amassado Passado # Tempo Faminto Comendo Vidas Bebendo  Horas Verônica Vincenza Aldravia:  nova forma poética, que conquista espaço pelas vias do mundo virtual, com o qual se identifica, pelo jeito minimalista de ser. Poema sintético, com seis linhas poéticas resumidas em palavras, que fixa sua essência na retórica metonímica. Palavra de o

Entre linhas

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Entre as linhas Cruzadas Entrelinhas Não ditas Quase malditas Que se fossem efetivadas Meu bem... Seria uma loucura! Verônica Vincenza

Janeiro Branco

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O ministério da saúde mental dos parentes de escritores adverte: Quem escreve em primeira pessoa está fadado a receber ajuda psicológica por todos os traumas de seus personagens... Até os que você nem imagina que eles possuam... Culpa da Martha e a influência de seus belíssimos textos.   

Azuis

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- Você fica muito bem de azul! falou Rodrigo em um tom simpático e descontraído para a sua companheira Cláudia.  Ele poderia ter falado: Que droga você fez no cabelo?  ou poderia ter feito uma cara de espanto, desaprovação ou algo assim. Mas não, ele simplesmente fez um comentário não depreciativo e tranquilo para o cabelo azul de sua companheira.  Cláudia abaixou o livro que estava lendo, olhou Rodrigo, ajeitou o óculos com um sorrisinho amoroso de canto de boca e voltou para a sua leitura. Entre os poemas de seu livro a certeza de que ele não esta com ela somente por sua aparência, ou não é um homem possessivo a ponto de interferir na cor de seu cabelo. Entre poesias e algumas crônicas de seu livro, um sorriso aliviado de que seus dias e horas junto com Rodrigo seriam leves, tranquilos e calmos e porque não dizer: azuis?  Azul. Essa era a cor de seu cabelo, que, em tempos de pouca grana, Cláudia fazia questão de cuidar em casa e isso incluía passar o creme matizador, que

Nestes tempos

Na floresta escura O que nos resta? Estar escondido Ou apreciar o verde? Depende Ser fria escultura? Estar em seresta? Fruto vendido Ou estar com sede? Se estende Dançar com os lobos Comer com os macacos Voar com as aves E sim, apreciar cada passo dado Consente Nestes tempos... Florestas escuras Ou clarão da mata Seja qual for a ata Há de se ter luz própria Verônica Vincenza