Alzira
Sempre lembro dela quando vejo a imagem de São Jorge. Alzira era a minha bisavó materna, guerreira e conselheira, sempre pronta para defender os seus. Ela ficava comigo durante as tardes depois da escola, minha companheira de infância.
Em época de férias, íamos para a casa do litoral; Santa Terezinha, o nome da praia. Seu quarto á noite parecia mágico, com uma luzinha fraca de parede que iluminava o interior do armário que durante a noite tinha a sua porta aberta.
Lá, um objeto que era o portal da minha imaginação: uma estátua de São Jorge, que devido a luz que o iluminava, também produzia uma sombra. Todos os dias,antes de dormir, eu ia lá no quarto da bisa, sentava na pontinha da cama e ficávamos horas conversando, contando histórias e olhando para o Cavaleiro corajoso, com seu cavalo branco e sua sombra projetada no fundo do armário.
Confesso que não entendia o porquê de matar o dragão e não ser amigo dele e transformá-lo em guardião do reino, ou até mesmo, um aliado para as batalhas.
Muitos anos se passaram, e hoje eu entendo e cultivo boas memórias das histórias que aquele cavaleiro vestido de luz me proporcionava, todas as noites, no quarto da minha bisavó Alzira.
Ogunhê, Salve São Jorge.🙏
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